Escola laica, liberdade e igualdade


Em texto publicado na Folha de São Paulo, e reproduzido pelo observatório da Imprensa, pesquisadora do CNPq para o tema do ensino religioso e ex-membro da Comissão Especial de Ensino Religioso do Governo do Estado de São Paulo (1995-1996), Roseli Fischmann, coloca-se contra o ensino religioso em escolas públicas. Veja o texto:

Escola laica, liberdade e igualdade


O lugar do ensino religioso não é na escola pública, mas na família e nas comunidades religiosas, para quem assim o quiser.

Por ser ligado ao direito à liberdade de consciência, de crença e de culto, o ensino religioso depende de ser buscado, não de ser oferecido sob a égide do Estado, por ser matéria íntima, de escolha, segundo a consciência de cada pessoa.

Daí o caráter facultativo para o aluno que a Constituição estabelece para o ensino religioso nas escolas públicas, buscando preservar tanto o direito à liberdade de crença quanto a laicidade inerente à escola pública. Razões de ordem ética, jurídica, histórica e pedagógica amparam essa posição.

Crianças pequenas, de seis anos, iniciando o ensino fundamental, têm suas consciências tenras plasmadas pela escola. Quais as repercussões de conteúdos religiosos conflitantes ao que recebe no lar, em sua compreensão do mundo?

Aprender a não fazer ao outro o que não quer que lhe façam indica formação para autonomia, valorizando a alteridade -cerne da educação. Na escola, o respeito aos outros não pode ser amparado em divindade, mesmo para quem creia.

Porque amparar-se no inefável para garantir a não violência é menosprezar a capacidade humana de respeito mútuo e a própria fé, que não depende de constrangimento e submissão. A escola pública deve explicitar o que é humano (como a ciência) como mutável, porque falível e passível de debate e discussão, sempre sujeito a aperfeiçoamento. Como a Constituição.

A possibilidade de uma PEC que retire o parágrafo primeiro do artigo 210 da Constituição é uma urgência histórica, em prol das próprias religiões. Porque, ao tentar regulamentar o não regulamentável, qual seja, o acordo entre religiões sobre o que ensinar, como conteúdo único, a Lei de Diretrizes e Bases da educação criou mais dificuldades que soluções para o que já era problemático na Constituição.

Direito das minorias

Mesmo internamente a Constituição parece inconsistente, já que o seu artigo 19 estabelece que é vedado ao Estado "estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança" e "criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si".

Promover um ensino religioso que seja ligado a denominação religiosa específica no âmbito da escola pública (como propôs o acordo da Santa Sé com o Brasil) é promover distinção entre brasileiros.

Mesmo que fosse possível cumprir a promessa de que "todas as religiões serão oferecidas", seriam desrespeitados em seus direitos os agnósticos e ateus.

Supor que seja possível tratar as religiões de forma "neutra", na escola pública, é menosprezar consequências de perseguições e raízes de guerras religiosas que a humanidade travou. Propor ensino religioso como história das religiões pode ser adequado só para jovens e não crianças, e não terá sentido se o professor conduzir o ensino privilegiando sua crença ou descrença.

A escola pública precisa ser entendida como lugar de desconstrução das discriminações que perpassam nossa cultura, de forma silenciosa ou denegada, que desrespeitam religiões e, sobretudo, seus adeptos, todos igualmente brasileiros e brasileiras.

Argumentar que a maioria "democraticamente" tem o direito de impor no espaço público sua crença e que na escola "só fará bem ter (uma certa) religião" reduz a democracia à tirania, pois nega o direito de as minorias serem integralmente respeitadas, a ponto de (como ensina Bobbio e dita a regra do jogo democrático) um dia se tornarem maioria.

Fonte: Folha de São Paulo, citada por Observatório da Imprensa.

Imagem: Correio do Brasil

Professor é processado por família muçulmana por ter dito ‘presunto’



Família de muçulmanos processou o professor José Fernández Reyes, que ministra aulas de geografia na cidade de La Línea la Concepción, cidade espanhola de 63 mil habitantes, na província de Cádiz, por ter falado a palavra "presunto" em uma aula, na presença do filho do casal de muçulmanos E.S.O, de 13 anos. O professor disse a palavra num contexto de aula, referindo-se à produção de carne suína na região de Trevélez.

É óbvio que esse caso refere-se a um excesso de um casal extremado, mas serve de alerta contra o que pode acontecer se for permitido que ações como essa prosperem. Vejo que em muitos casos as autoridades são complacentes, o que dá margem a mais excesso. Os religiosos precisam entender que o estado é laico e que há outros pensamentos divergentes no mundo. É difícil?

Resposta: é. Ocorre que a doutrina religiosa os convence de que estão certos e o mundo errado. Acreditam em lendas e fantasias e cobram do resto do mundo que os acompanhe. Ainda bem que, nesse caso, o professor Reyes recebeu o apoio da direção da escola, dos estudantes, das autoridades e até da Federação de Entidades Islâmicas, para quem a acusação é “um total absurdo”, uma vez que o “Alcorão proíbe comer, mas não proíbe falar sobre o presunto, como no caso do vinho” e que Juan Cisneros, do Ministério Público, disse que a Justiça tem coisa mais séria com que se ocupar e ter gastos e pediu que o caso seja arquivado.

Fonte do texto:Blog de Paulo Lopes - http://e-paulopes.blogspot.com/2010/12/professor-e-processado-por-familia.html

fonte da foto: http://www.xplr-club.com/philly/2008/10/19/11/

autoajuda na Veja


Saiu uma matéria sobre autoajuda na veja de 02 de dezembro de 2009 (ed. 2141). Não gosto da Veja - acho superficial e niveladora por baixo, como a Globo. E confirmei isso com essa matéria: 10 folhas sobre autoajuda "meia boca" e duas folhos sobre filosofia, a "prima rica" da autoajuda, somente com citações - nenhuma indicação de leitura ou um guia, mínimo que seja. Desperdício.

dramaturgo londrinense baleado


Parece ironia, mas o Blog do dramaturgo londrinente Mário Bortolotto, baleado em São Paulo ontem, chama-se "atire no dramaturgo". Lastimável. Não dá pra rir de algo assim.

veja a notícia.

saiba mais sobre Mário Bortoloto

Origens da felicidade.



Li num trecho do livro “A cura de Schopenhauer” que uma das idéias de Schopenhauer foi que a relativa felicidade tem três origens: o que se é, o que se tem e o que se é para os outros. Ele sugere que nos fixemos apenas no primeiro item – o que se é. Diz isso porque não podemos controlar o que se tem e o que se é para os outros. O que se tem pode ser tirado de nós, sejam bens ou a própria beleza, retirada inexoravelmente com o tempo. O que se é para os outros é mais difícil ainda de controlar...e não vale o esforço. Parece um pensamento óbvio, mas se não formos proativos, no dia-a-dia, caímos na armadilha de nos preocuparmos com o objeto errado e perdermos a possibilidade de momentos felizes por preocupações colocadas por nós mesmos. Pense nisso.

fotos de crianças indígenas


Estive, a trabalho, numa aldeia indígena próxima ao Paraguai e fiquei impressionado com as crianças de lá. Veja algumas fotos:

clique aqui para ver as fotos:
fotos da aldeia

Golpe da Pirâmide - culpa também é das vítimas


Acredita que ainda caem nesse tipo de golpe? Você conhece: o golpe da pirâmide, onde dinheiro brota do nada. Pois num país de ignorantes, isso acontece. E aconteceu em Maragogipe,na Bahia, com grande celeuma da população vitimada. O que incomoda são alguns aspectos:
1. As pessoas querem ganhar dinheiro fácil, a troco de nada, e depois cobram das autoridades resposta;
2. É muita falta de informação cair num golpe desses;
3. Enquanto estava acontecendo, ninguém previu o desenlace? Estamos no século XVIII?
4. O que estavam fazendo policiais militares dando suporte de segurança para o "empreendimento"?

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